quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sempre admirei algumas ligas amadoras das cidades do interior da Bahia e de Aracaju, capital de Sergipe. São torneios municipais, com equipes de bairros, mas funcionam com a mesma metodologia da Premier League, por exemplo: organização.

Definição de organização: 1 Ato ou efeito de organizar. 2 Estado do que se acha organizado. 3 Disposição de alguma coisa para poder funcionar. 4 Modo como um ser vivo é organizado. 5 Estrutura ou conformação das diferentes partes do corpo. 6 Disposição e constituição física do corpo humano; organismo. 7 Constituição moral ou intelectual. 8 Constituição de um estabelecimento público ou particular. 9 Estudo dos elementos e condições da constituição e funcionamento das empresas e serviços públicos; arte ou ciência da organização (Dicionário Michaelis).

Em nosso caso, nos interessa os itens 1 e 3.

Seguindo estas duas premissas, o futebol sergipano inverte a ordem de alguns torneios amadores. São profissionais. Sim! A maioria recebe por isso. Mas estão longe de alcançar o status de organizado.

O ápice da desorganização aconteceu nesta quarta-feira, no Estádio Batistão, em Aracaju, entre Confiança e América, pela décima rodada do Campeonato Sergipano. Dois jogadores do América passaram mal após o confronto.

Eles precisaram de atendimento médico pois jogaram 90 minutos sem alimentação adequada. O máximo que conseguiram antes da peleja foi uns biscoitos e um pastel cedido pela Associação dos Cronistas Esportivos de Sergipe.

Só o fato em si já é bastante constrangedor. O treinador se emocionou com a recuperação de um dos atletas que passaram mal. Ele melhorou com a alimentação de um simples sanduíche. Mas pasmem, a declaração do dirigente tricolor mostrou que o buraco é mais embaixo (confira as duas matérias do GLOBOESPORTE.COM aqui e aqui)

- A gente lamenta essa situação. Isso tudo é reflexo da falta de apoio da Federação Sergipana de Futebol, do Banese (patrocinador da competição) e da Prefeitura de Propriá, que não nos dá apoio nenhum. O atual prefeito do município nunca nos ajudou. O Banese prometeu apoio e até agora nada. A FSF nos obriga a jogar fora de casa, com isso nossas despesas só aumentam. O que aconteceu foi o seguinte. Para economizar no custo das viagens, estamos embarcando no mesmo ônibus o juniores e o profissional. Com isso, partimos para a viagem às 15h, mais cedo, chegando ao estádio às 17h. Se os jogadores fossem jantar antes do jogo, não iriam conseguir jogar. Nós combinamos que eles jantariam após o jogo, na volta para Maruim, porque não temos dinheiro para jantar em Aracaju, mas infelizmente aconteceu isso. De qualquer forma, alimentação eles têm. Ninguém passa fome, se passassem, os atletas estariam mortos. Mas reconhecemos que a alimentação não é a ideal para um atleta - desabafou Joaquim Feitosa.

- Chegamos ao nosso limite. Estamos carregando esse clube nas costas desde o ano passado, sem o apoio de ninguém. Vou tirar o time de Maruim. Vamos voltar para Propriá e vamos ter que contar com a ajuda do torcedor. Ele que vai nos ajudar agora. Só podemos recorrer a ele. O torcedor do América vai ter que nos ajudar nessa questão da comida. Se ninguém nos apoiar e eu sentir que estamos sozinhos vamos abandonar o Campeonato Sergipano. Vai ser W.O até o final. Não vou ter medo de represálias. Não importa o que vai acontecer depois. Vamos abondonar sim.

Para mim isso é uma grande surpresa. Um milagre para falar a verdade. Era para estarmos sem nenhum ponto pelas nossas condições. Com uma folha de R$ 17 mil, ainda estamos na frente de times com folha de R$ 150. Mas se fizermos zero ponto daqui para o final não será nenhuma surpresa. Todos aqui estão no limite. A situação é essa. Levamos prejuízo jogo após jogo - concluiu Joaquim.


Com estas declarações, Joaquim Feitosa culpa a Federação por exigir o mínimo de organização em seu principal certame (a entidade obrigou iluminação artificial para não ter jogo meio dia); culpa o Banese por não atender o clube, sendo que o Banco Estatal patrocina o torneio e não os participantes dele; e culpa a Prefeitura de sua cidade, que, convenhamos, não tem obrigação nenhum com entidades privadas.

A pergunta é: e qual é a culpa de Joaquim Feitosa neste fato? A resposta é: toda. Mas ele não admite seus erros. Ele e seus colegas dirigentes do poderoso e profissional futebol sergipano alegam irresponsabilidade alheia e que se fossem os donos da bola as coisas seriam diferentes. Seriam: bem piores!

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